A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) alerta sobre os riscos que o caracol gigante africano pode trazer à saúde da população, principalmente, neste período de inverno amazônico, em que há uma maior proliferação do molusco e surgimento de focos nos municípios paraenses.
O alerta é necessário porque o caracol africano (Achatina fulica) é hospedeiro do parasito Angiostrongylus cantonensis, que causa meningite eosinofílica. Esse tipo de meningite resulta da presença de larvas do parasito nas membranas do cérebro (meninges), provocando reação inflamatória. As manifestações clínicas mais comuns são dor de cabeça severa, náuseas, vômitos, pescoço rígido e anormalidades neurológicas. Ocasionalmente ocorrem invasões oculares.
O caracol também pode transmitir o parasito Angiostrongylus costaricencis, que causa a angiostrongilíase abdominal. Os principais sintomas são dor abdominal e febre, podendo ocorrer várias outras manifestações inespecíficas, tais como inapetência, náuseas, vômitos e diarreia. No ano de 2021, houve dois casos confirmados de meningite eosinofílica na Região Metropolitana de Belém, sendo um caso em Belém, que acometeu um jovem de 21 anos e outro em Ananindeua, numa criança de 11 meses.
Ações da Sespa - O trabalho de vigilância e controle é realizado pelas Secretarias Municipais de Saúde, por meio dos Centros de Controle de Zoonoses Municipais, com apoio da Coordenação Estadual de Controle de Esquistossomose, Filariose, Geo-Helmintos e Tracoma (CEFGT), que integra o Departamento de Controle de Endemias da Sespa.
Segundo a médica veterinária da CEFGT, Patrícia Nascimento, a Sespa participa das investigações de casos de doenças transmitidas pelos caracóis para verificar a presença de vetores no local provável de infecção e sua vinculação epidemiológica ao caso por meio de testes de infectividade realizados pelo Laboratório de Referência Nacional em Esquistossomose-Malacologia da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). “A ação da Sespa, na verdade, consiste em rastrear a existência de focos do caracol a partir da notificação de casos da doença. Vamos até o logradouro do paciente para investigar se há presença do caracol, coletar amostras, que são enviadas para o Instituto Evandro Chagas (IEC) e depois para a Fiocruz”, informou.
A Sespa, também pode direcionar pacientes com suspeita da doença para receber atendimento médico e fazer exames para confirmar o diagnóstico de meningite eosinofílica.
Parceria com o IEC - De acordo com Patrícia Nascimento, as atividades da Sespa com o Achatina fulica são recentes na Coordenação Estadual, e são consequência, na verdade, das atividades conjuntas que vêm sendo desenvolvidas com o IEC.
Com o objetivo de aprofundar as ações de combate ao Achatina fulica e ampliar o conhecimento sobre a circulação do parasito Angiostrongylus cantonensis, Sespa e IEC estão desenvolvendo atividades em conjunto na Região Metropolitana de Belém e demais municípios paraenses com ênfase no risco de transmissão e alerta de intensificação de controle e vigilância nesses locais.
por agencia Pará